Depressão em homens

Os sinais ocultos de depressão nos homens

As mulheres têm duas vezes mais chances de serem diagnosticadas com depressão do que os homens. Mas os homens têm uma probabilidade significativamente maior de morrer por suicídio e muito menos probabilidade de procurar ajuda profissional. Por que será?

É assim que um homem com depressão argumenta:

“O cara que está deprimido não quer que ninguém saiba que ele está deprimido. E você desenvolve habilidades de enfrentamento – finja até conseguir… Você finge muito. Você brinca muito com as pessoas que está bem. Se alguém chega até você e pergunta “Oi, como vai”, você diz “Estou bem”. Mentira. Você não está bem. Mas você não vai dizer a eles que… Eu tive que fingir até conseguir. E às vezes isso era muito difícil.”

Este artigo mergulha fundo na depressão masculina em um esforço para lançar luz sobre tópicos como estigma, comportamentos de busca de ajuda e como os sinais de depressão diferem entre os sexos. No final, você verá as opções de tratamento recomendadas para homens.

Nota: A maioria das pesquisas em saúde mental que levam em consideração as diferenças de gênero concentra-se nas diferenças entre homens e mulheres. No entanto, depressão, ansiedade, automutilação e suicídio são geralmente maiores em pessoas com identidades de gênero não-binárias. Encontre mais informações neste artigo de pesquisa de Reisner & Hughto.

A depressão oculta nos homens

Vamos considerar por que um número significativamente menor de homens do que mulheres são diagnosticados com depressão. Esta é uma pergunta com uma resposta complexa. Ou melhor, envolve mais de um motivo.

Fatores hormonais, ambientais, psicológicos e sociológicos trabalham juntos para criar uma diferença de gênero.

Aqui estão algumas das causas mais profundas, descobertas por pesquisas modernas:

Estigma

Em geral, os homens tendem a experimentar o estigma causado por uma cultura social que celebra a autossuficiência, a dureza e as emoções reprimidas. Isso às vezes impede que os homens procurem ajuda profissional ou os faz esperar mais tempo antes de fazê-lo.

Portanto, se você é homem, pode ter sido ensinado a acreditar que é “fraco” ou “pouco viril” ao solicitar tratamento. Um equívoco com consequências mortais.

Um estudo de pesquisa canadense realizado pelo Dr. Mackenzie e seus colegas descobriu que homens deprimidos relataram significativamente mais autoestima relacionado à procura de ajuda do que mulheres, por exemplo. “Eu me sentiria envergonhado em procurar ajuda profissional para depressão”.

Além disso, a equipe de Mackenzie procurou o estigma público em relação à depressão masculina. Eles descobriram que os homens, como um grupo, eram mais propensos a estigmatizar a depressão e o suicídio dos homens, relatando coisas como “Homens com depressão podem sair dela se quiserem”.

Além disso, os homens mais jovens eram mais propensos a normalizar ou glorificar o suicídio relatando coisas como “Homens que se suicidam são fortes, corajosos, nobres ou dedicados”. Em contraste, as mulheres eram mais propensas a relatar que os homens que se suicidam ficam isolados ou deprimidos.

Portanto, as normas masculinas que normalmente glorificam a força, cuidando de seus próprios problemas e engolindo suas emoções podem atrapalhar quando você precisa de um diagnóstico e tratamento.

Senta que lá vem história

A seguinte história vem de um jovem que luta contra a depressão e o estigma:

“A razão pela qual eu acho que muitos jovens ficam deprimidos é que eles não têm como expressar o que está acontecendo com eles por dentro. As emoções aceitáveis ​​para um homem são a raiva… e você pode brigar e gritar e ficar realmente chateado. Isso é socialmente aceitável. Ao passo que ser cronicamente triste não é algo que muitas pessoas acham viril.

Acho que o que acontece é que deixa uma espécie de acúmulo de emoções reprimidas. Eu definitivamente me senti assim. E eu fiz uma analogia para mim mesmo, quando me sentia muito chateado ou triste por respirar fundo e me imaginava colocando uma rolha em uma garrafa e apertando-a com força. E eu podia sentir a depressão no meu estômago e pensei “Pronto. Eu os afastei. Lidei com os meus sentimentos”. E esse acúmulo consome muita energia. E acho que foi isso que desencadeou minha depressão no passado – manter todas essas coisas tóxicas dentro de mim… ”

É mais comum que os homens pensem que não está certo discutir experiências difíceis, como abuso ou negligência. Então, mesmo sabendo que falar deveria ajudar, você tem uma voz vibrando em seu cérebro dizendo que você deveria ser capaz de ignorar o que aconteceu com você. E se não o fizer, você é fraco. E ninguém quer ser visto como fraco.

Isso pode facilmente levar a projeções. Se você aprendeu que sentir-se triste é um sinal de fraqueza, não é de admirar que seja muito difícil admitir para si mesmo que você pode ter problemas de saúde mental. Então, em vez de enfrentar seu mundo interior, você direciona sua atenção e frustração para fora.

Isso nos leva ao próximo ponto. Se não é normal chorar ou pedir ajuda, como os homens lidam com os sinais de depressão?

Diferentes sinais de depressão em homens

Outra razão pela qual os homens são diagnosticados com depressão com menos frequência é que o transtorno se apresenta de forma um pouco diferente do que nas mulheres. Em geral, os homens têm maior probabilidade de mascarar os sintomas depressivos por meio de comportamentos agressivos, de risco e impulsivos (que na verdade não são listados como sintomas de depressão).

Então, para entender as diferenças de gênero, vamos primeiro dar uma olhada nas semelhanças.

Existem nove sintomas comuns de depressão que todos experimentam (homens, mulheres e não-binários). E você precisa apresentar pelo menos cinco destes para ser diagnosticado com depressão:

  • 1. Humor deprimido: sensação de tristeza na maior parte do dia, quase todos os dias.
  • 2. Perda de interesse e prazer: redução acentuada do interesse/prazer em todas (ou quase todas) as atividades na maior parte do dia.
  • 3. Apetite ou peso alterados (comer mais ou menos do que o normal).
  • 4. Perturbação do sono (muito ou pouco).
  • 5. Mover-se mais devagar do que o normal ou fazer movimentos sem sentido devido à ansiedade (por exemplo, torcer as mãos).
  • 6. Falta de energia: sensação de cansaço quase todos os dias.
  • 7. Sentir-se excessivamente culpado e/ou inútil.
  • 8. Tendo dificuldade em se concentrar e/ou tomar decisões.
  • 9. Ter pensamentos repetidos sobre a morte, pensamentos suicidas ou, às vezes, desejar estar morto.

Além dos sintomas comuns acima, os sinais de depressão em homens podem ser assim:

  • Raiva exagerada e comportamento agressivo;
  • Irritabilidade crônica;
  • Assumir riscos ou impulsividade;
  • Uma tendência para trabalhar em excesso (como forma de lidar com a depressão);
  • Beber demais ou abusar de outras substâncias;
  • Arrogância (como forma de mascarar a insegurança).

Diferenças relatadas em uma história

A depressão nos homens nem sempre se parece com os nove sintomas comuns. Portanto, há o risco de você obter o diagnóstico errado ou de seu médico não perceber sua depressão. É por isso que é importante estar ciente de como os sinais de depressão às vezes diferem entre os sexos.

Aqui está a história de Trevor. Esperançosamente, pode servir como um exemplo de como os sinais de depressão nos homens podem se manifestar:

Os sinais de depressão de Trevor eram difíceis de reconhecer. Levou muito tempo para perceber o que o estava incomodando, talvez porque nada de “ruim” tivesse acontecido com ele antes de sua depressão. Em vez disso, ele foi promovido no escritório de advocacia onde trabalhava, o que significava salário mais alto, status social mais alto e mais responsabilidades. Essa foi uma oportunidade que todos pensaram que o deixaria mais feliz.

Antes da promoção, a família e os colegas o descreveram como justo e tranquilo. Mas logo depois de conseguir o novo emprego, Trevor tornou-se muito mais mal-humorado e exigente. Ele gritava com os colegas por pequenos erros e reagia de forma exagerada a questões insignificantes em casa. Ele desenvolveu o hábito de chegar atrasado ao trabalho e negligenciou algumas de suas atribuições. Seus colegas começaram a acreditar que o novo título o tornara arrogante e bastante mesquinho.

Trevor tornou-se cada vez menos interessado em sexo. Quando sua esposa tentou resolver o problema, ele se recusou a falar sobre isso. Ela suspeitou que ele não a amava mais e talvez que ele tivesse um caso.

Nenhum dos amigos próximos ou familiares de Trevor teria adivinhado que a depressão era a razão por trás de seu comportamento. Ele parecia um advogado de sucesso por fora, mas se sentia completamente diferente por dentro. Então foi quando começou a ter pensamentos negativos sobre as outras pessoas, como “ninguém realmente se importa comigo”, “as pessoas não são confiáveis”, “não posso confiar em ninguém”.

Com o passar do tempo, seus pensamentos sobre si mesmo foram ficando cada vez mais negativos, como “não sou bom o suficiente”, “sou uma fraude”, “não consigo fazer nada direito”. Mais tarde, seus pensamentos sobre o mundo em geral começaram a se tornar cinzentos e sem esperança, como “a vida não tem sentido”, “estamos sozinhos”, “nada vai ficar melhor”.

Como Trevor ainda gerenciava seu trabalho e outras tarefas necessárias, levou vários meses para perceber que o que estava passando era na verdade um transtorno mental. Um dia, ele encontrou um documentário sobre depressão. Reconheceu tantos dos sintomas que entendeu que a depressão era uma causa provável por trás de seu mau humor e pensamentos negativos. E depois de algumas pesquisas adicionais, ele marcou uma consulta com um psicólogo.

O blog 11 causas da depressão diz mais sobre o que causa a depressão.

Sobre violência

Você descobrirá que a diferença entre os sinais de depressão nos homens e nas mulheres é que os homens têm uma tendência maior de expressar ativamente sua depressão. Por exemplo, gritando ou brigando. É claro que isso é uma generalização e as diferenças individuais nunca devem ser ignoradas. Ainda assim, o risco potencial de violência é muito importante para ser negligenciado.

Como você pode ver na lista de sintomas acima, os sinais de depressão nos homens podem, quando não tratados, tornar-se um perigo para a família e amigos. A agressão não termina necessariamente em violência. Mas às vezes acontece. E aprender mais sobre a relação entre agressão e depressão nos homens pode ajudar a proteger a pessoa deprimida e as pessoas ao seu redor.

Andrew Solomon (autor do livro premiado sobre depressão – The Noonday Demon), que sobreviveu a vários episódios de depressão severa, descreve suas próprias explosões de raiva chocantemente intensas como esta:

“Tive vários episódios de violência desde minha primeira depressão e me pergunto se esses episódios, para os quais não havia precedente em minha vida, estavam relacionados à depressão, eram parte de suas consequências ou deveriam estar de alguma forma associados à antidepressivos que tomei. (…) Um dia, quando eu tinha trinta e poucos anos, fiquei com uma raiva tão irracional que comecei a tramar assassinatos em minha mente. Acabei descarregando essa raiva quebrando o vidro em uma série de fotos minhas que estavam penduradas na casa de uma namorada…

Um ano depois, tive um sério desentendimento com um homem que eu amava muito e por quem me sentia traído profunda e cruelmente. Eu já estava em um estado de depressão e fiquei furioso. Eu o ataquei com uma ferocidade diferente de todas as que eu tinha experimentado antes, joguei-o contra a parede e o golpeei repetidamente.”

A melhor maneira de evitar que os sintomas agressivos se transformem em violência é obter o tratamento correto para a depressão o mais rápido possível.

Diferenças hormonais

A biologia desempenha um papel na depressão, embora não necessariamente o papel principal.

Os hormônios podem, até certo ponto, explicar porquê a depressão afeta menos os homens. As mulheres, como grupo, sofrem de várias formas de depressão, como depressão pós-parto, depressão pré-menstrual e depressão da menopausa. Além disso, elas são afetadas por todas as formas de depressão que afligem os homens.

Mas a biologia por si só não explica o alto índice de depressão feminina, o que nos leva ao próximo ponto.

Posição de poder

A vida das mulheres e das pessoas não-binárias têm maior probabilidade de incluir circunstâncias que levam à depressão. Como Andrew Solomon expressa de forma tão eloquente:

“Existem diferenças sociais evidentes entre as posições de força e poder de homens e mulheres. Parte da razão pela qual as mulheres ficam deprimidas com mais frequência do que os homens é que elas são mais frequentemente privadas de direitos civis… O mundo é dominado por homens, e isso torna as coisas difíceis para as mulheres. As mulheres são menos capazes de se defender fisicamente. É mais provável que sejam pobres. Elas são mais propensas a serem vítimas de abuso. Eles são menos propensos a serem educados. Elas são mais propensas a sofrerem humilhações regulares. Elas têm maior probabilidade de perder posição social devido aos sinais visíveis de envelhecimento. Elas são mais propensas a serem subordinadas a seus maridos.”

Para concluir

Parece que precisamos considerar fatores biológicos, ambientais, psicológicos e sociológicos para entender por que os homens são diagnosticados com depressão com menos frequência. Parte da razão é que menos homens do que mulheres ficam deprimidos. Mas quando a depressão afeta os homens, é menos provável que eles identifiquem seus sintomas como depressão e menos ainda que procurem ajuda profissional. Portanto, há razões para acreditar que nem todos os homens deprimidos são diagnosticados.

E o estigma em torno da depressão masculina, nos dizendo que tristeza crônica e atributos masculinos simplesmente não combinam, pode ter consequências mortais. Impede que os homens recebam o tratamento de que precisam.

Onde os homens com depressão podem obter tratamento?

Esta seção apresenta estratégias psicológicas especificamente úteis para homens com depressão.

Torne-se mais assertivo

De acordo com o Dr. Ryan M Denney (psicólogo clínico da Connections, com ampla experiência no tratamento da depressão em homens), os homens deprimidos precisam se tornar mais assertivos. Isso pode parecer contra-intuitivo porque a depressão nos homens costuma se manifestar por meio da agressão.

Mas lembre-se, assertivo não é agressivo.

Ser assertivo é (apropriadamente) pedir o que você precisa em seus relacionamentos e em outras áreas de sua vida. Assim, para ter suas necessidades atendidas. E dizer não com calma às pessoas que violam seus limites, sem gritar ou atacar.

Ser assertivo em um relacionamento pode ser dizer coisas como:

  • “Tive um dia difícil. Eu realmente preciso falar sobre isso.”
  • “Gosto muito de passar um tempo com você, mas agora preciso descansar.”
  • “Estou passando por algo e preciso que você ouça minha história.”
  • “Estou completamente cheio agora. Lamento não poder ajudá-lo esta semana.”
  • “Eu preciso de um abraço.”
Desenvolva sua inteligência emocional

Os homens sentem. Sentem profundamente. No entanto, eles nem sempre têm certeza do que fazer com as emoções fortes quando elas surgem. É claro que esse não é o caso de todos os homens, mas, em geral, os meninos nem sempre têm a mesma oportunidade que as meninas de desenvolver sua inteligência emocional. Eles correm o risco de serem avisados ​​para “levantarem-se”. Para suprimir aquilo que estão sentindo e agir como se nada tivesse acontecido, em vez de explorar as reações e usá-las de forma construtiva.

Soa familiar? Eu realmente espero que não, mas infelizmente é bastante comum.

Portanto, aprender a identificar sentimentos e a expressá-los de maneira adequada (em vez de aumentar e explodir) o ajudará a sair da depressão. E a maneira mais fácil de conseguir isso é por meio da psicoterapia com um psicólogo licenciado.

Tratamento tDCS

Você pode consultar um outro método para o tratamento da Depressão. Ele combina estimulação cerebral suave (por meio de um headset tDCS) com um aplicativo de depressão informando sobre mudanças de estilo de vida com antidepressivos. É o primeiro tratamento tDCS aprovado clinicamente para uso doméstico.

Quer saber mais sobre como se recuperar da depressão por conta própria?

Talvez estes artigos forneçam o que você precisa:

E lembrando que este artigo foi traduzido, para ver a versão original clique aqui.

shutterstock_583350982

Tudo que você precisa saber sobre ECT

O que vem à mente quando você pensa em terapia eletroconvulsiva (ECT) ou terapia de ‘eletrochoque’? Talvez imagens dramáticas do filme “Um Vôo Sobre o Ninho do Cuco”, com pacientes gritando e corpos se contorcendo ou médicos sádicos em jalecos brancos usando o procedimento como punição por mau comportamento?

Durante um procedimento de ECT moderno, você pode detectar um ou dos jalecos brancos, mas as semelhanças com o estereótipo antigo basicamente terminam aí. Este artigo falará sobre a utilidade da ECT moderna no tratamento da depressão e talvez acabe com alguns mitos sobre o procedimento. Se você não sofre do tipo mais grave de depressão, pode estar interessado em saber que existem formas mais suaves de estimulação cerebral mais adequadas para sintomas depressivos leves ou moderados.

As últimas seções deste artigo falarão sobre Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) e como ela é usada para estimular o cérebro a sair da depressão.

O que é ECT?

Vamos do começo. O que exatamente é ECT? Bem, ECT significa terapia eletroconvulsiva e é uma forma de estimulação cerebral usada para tratar os casos mais graves de depressão ou depressão em pacientes que tentaram outras formas de tratamento sem resultado. A ECT também pode ser usada para tratar outras doenças mentais graves, como transtorno bipolar e sintomas de esquizofrenia.

Durante uma sessão de ECT, uma pequena corrente elétrica é administrada ao cérebro para induzir uma convulsão controlada enquanto o paciente está sob anestesia geral. Embora os pesquisadores não saibam exatamente como a ECT funciona, acredita-se que o tratamento acione a atividade elétrica entre as células cerebrais e mude o equilíbrio químico em áreas do cérebro que desempenham um papel importante na regulação do humor.

Agora, a próxima seção falará sobre o que a ECT NÃO é.

O que a ECT não é – acabando com os mitos

A maior parte do estigma em torno da ECT deriva das primeiras versões do procedimento, em que nenhum anestésico foi usado. Para ter uma visão mais clara do que a ECT é e o que não é, vamos dar uma olhada na diferença entre a ECT antiga e a ECT moderna.

ECT em 1938

Em 1938, o primeiro direcionamento de ECT foi usado e parecia muito diferente dos procedimentos atuais. Em 1938, os médicos executavam uma alta corrente elétrica no cérebro dos pacientes, causando convulsões em todo o corpo. Como nenhum anestésico era utilizado, os pacientes mordiam a língua ou até mesmo quebravam os ossos por causa dos espasmos musculares da convulsão.

Atualizações da ECT

O psiquiatra Dr. Harold A. Sackeim (PhD) descreve a diferença entre a ECT antiga e moderna em seu artigo de 2017.

A ECT é um tratamento de depressão muito mais seguro e confortável quando comparado ao que era há 80 anos, sendo que muitas melhorias foram feitas. Entre as décadas de 40 e 80, demorava muito mais para os pacientes se recuperarem após receberem a sessão de estimulação e eles permaneciam desorientados por várias horas após uma sessão de ECT.

Hoje, o procedimento é feito de forma diferente. A dose elétrica foi ajustada e administrada em pulsos breves, o que permite que os pacientes se recuperem muito mais rápido. A maioria dos pacientes é capaz de retomar as atividades diárias dentro de 1 hora após uma sessão moderna de ECT.

Uma sessão de ECT moderna em 7 etapas

No tratamento de ECT moderno, a anestesia geral é um dado adquirido, o que significa que os pacientes estão dormindo e sem dor durante todas as sessões. Os impulsos elétricos administrados ao cérebro são muito mais brandos do que em 1938 e a convulsão é breve e controlada.

Aqui está um guia passo a passo para uma sessão de ECT moderna:

  • 1. Uma sessão de ECT é sempre administrada em um hospital ou clínica psiquiátrica por uma equipe de profissionais médicos, geralmente incluindo um psiquiatra, um anestesiologista e um profissional de enfermagem.
  • 2. No início da sessão de ECT, o paciente deita-se em uma cama de hospital e recebe anestesia geral. Isso significa que o paciente está dormindo e sem dor durante todo o procedimento de ECT, que normalmente dura de 5 a 10 minutos.
  • 3. O paciente recebe um relaxante muscular para evitar que o corpo se mova durante a sessão de ECT.
  • 4. A equipe médica coloca eletrodos na cabeça do paciente. Os eletrodos são mais comumente colocados para direcionar o córtex temporal do cérebro. Às vezes, eles são colocados em ambos os lados da cabeça (ECT bilateral) e em outros casos são posicionados apenas no lado direito da cabeça (ECT unilateral direita). Colocar eletrodos em apenas um lado da cabeça está associado a efeitos colaterais mais brandos.
  • 5. Quando o paciente está dormindo e os músculos relaxados, o médico pressiona um botão na máquina de ECT e uma corrente de cerca de 500-900 miliamperes é fornecida através dos eletrodos ao cérebro por um período de 1-6 segundos. Isso cria uma convulsão controlada que normalmente dura menos de 60 segundos (o paciente não tem conhecimento da convulsão).
  • 6. Poucos minutos depois, o efeito do anestésico e do relaxante muscular começa a desaparecer e o paciente é encaminhado para uma sala de recuperação. Ao acordar, o paciente pode sentir confusão por alguns minutos a algumas horas. A maioria dos pacientes pode continuar com as atividades diárias dentro de uma hora após a sessão de ECT.
  • 7. Alguns pacientes notam uma melhora em seus sintomas depressivos após apenas uma sessão de ECT e outros precisam de tratamento por semanas antes de notar qualquer efeito. Os pacientes geralmente passam por 2 a 3 sessões de ECT por semana durante 3 a 4 semanas.

O que acontece após o tratamento com ECT?

O tratamento geralmente consiste em 6-12 sessões de estimulação eletroconvulsiva (ECT). Depois de concluir essas sessões, é importante não parar com o tratamento contínuo da depressão para, assim, prevenir recaídas. Isso pode significar sessões menos frequentes de ECT, medicação antidepressiva e / ou psicoterapia.

A próxima seção contará mais sobre as possíveis consequências negativas da ECT e o porquê o tratamento geralmente só é usado na depressão grave e na depressão resistente ao tratamento.

A desvantagem da ECT

Efeitos colaterais

Por causa de seus efeitos colaterais, a ECT é mais comumente usada em casos graves de depressão ou na depressão resistente ao tratamento (quando um paciente deprimido já tentou outros tratamentos sem resultados).

A ECT também pode ser usada quando um paciente deprimido precisa de alívio dos sintomas mais rapidamente do que o normal por exemplo, se o paciente apresenta alto risco de suicídio. A maioria dos pacientes relata que os benefícios da ECT superam os problemas, mas é muito importante estar ciente dos possíveis efeitos colaterais antes de tomar sua decisão sobre o tratamento com esse tipo de terapia.

Aqui está uma lista dos efeitos colaterais mais comuns:

  • Desorientação (geralmente dura entre alguns minutos a algumas horas após uma sessão de ECT);
  • Dor, fadiga e náusea são outros efeitos colaterais a curto prazo da ECT.

Além disso, os pacientes relatam perda de memória, que é o maior problema da ECT e um efeito colateral comum. Algumas pessoas perdem a memória de eventos ocorridos meses antes de fazerem o tratamento e outras ficam com lacunas permanentes na memória. A maioria dos pacientes deprimidos afirma que valeu a pena perder algumas lembranças com o tratamento com ECT, mas outros relatam que perderam lembranças preciosas. Por exemplo, a lembrança de uma viagem em família ou mesmo do dia do casamento.

A perda de memória geralmente é pior logo após o tratamento com ECT e, em seguida, melhora gradualmente com o tempo. Uma minoria de pacientes de ECT relata problemas de memória que permanecem por meses ou anos. Infelizmente, atualmente não há como saber quem será afetado por problemas de memória, o que significa que a perda de memória é um risco para todos que decidem fazer o tratamento de ECT.

Vale a pena notar que as dificuldades de concentração e de memória são um sintoma comum de depressão severa. Em alguns casos em que o tratamento com ECT foi bem-sucedido e esses sintomas desapareceram, os pacientes realmente perceberam que a terapia eletroconvulsiva melhorou suas funções de memória.

Dificuldade em formar novas memórias é outro efeito colateral da ECT. E o paciente acaba por ter dificuldade em criar novas memórias. Este efeito colateral é temporário e geralmente desaparece algumas semanas após o tratamento com ECT.

A ECT vale a pena?

– A eficácia da ECT
Pesquisadores e profissionais de saúde observaram os benefícios da terapia eletroconvulsiva para mudar e salvar vidas por décadas. E alguns deles descrevem a ECT moderna como a maneira mais rápida e eficaz para os pacientes se recuperarem completamente da depressão.

“As evidências que indicam que a ECT é eficaz no tratamento de transtornos do humor são diversas, antigas e incontestáveis. Tanto no curto quanto no longo prazo, parece exercer maior benefício do que as alternativas farmacológicas.” Harold A. Sackeim, PhD 2017.

Diferentes estudos relatam resultados diferentes no que diz respeito à eficácia da ECT para a depressão. No entanto, a maioria dos pesquisadores de ECT parece concordar que o tratamento é uma das maneiras mais rápidas e eficazes de eliminar sintomas depressivos graves. Cerca da metade dos pacientes deprimidos se recuperam totalmente com o tratamento e muitos outros são ajudados por ele.

Em 2012, uma revisão de literatura, incluindo 1.106 pacientes com depressão ou transtorno bipolar, mostrou que 51% dos pacientes deprimidos e 53% dos pacientes com transtorno bipolar se recuperaram completamente após o tratamento com ECT. Outro estudo descobriu que 75% dos pacientes deprimidos se recuperaram totalmente com o tratamento com ECT. E que mais da metade deles notou uma redução dos sintomas após apenas uma semana.

Em conclusão, a ECT é um tratamento eficaz para a depressão e o procedimento passou por mudanças consideráveis ​​desde que apareceu pela primeira vez em 1938. O maior problema com a ECT é o risco de perda permanente ou temporária das memórias de eventos passados. Se você está sofrendo de depressão grave ou depressão resistente ao tratamento, certifique-se de discutir os riscos e benefícios com seu médico antes de tomar uma decisão sobre o tratamento.

Existem outras formas de estimulação cerebral?

– Apresentando ETCC
Se você não tem sintomas depressivos graves ou depressão resistente ao tratamento, existem formas mais suaves de estimulação cerebral com efeitos colaterais consideravelmente mais brandos do que o tratamento com ECT.

A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) é uma técnica de estimulação cerebral cada vez mais popular, e que você pode comprar online e usar em casa para tratar sintomas depressivos. A corrente ETCC (0,5-2 mA) é 400 vezes mais fraca do que a corrente usada na ECT e causa menos efeitos colaterais graves do que a medicação antidepressiva.

Estes são os efeitos colaterais que você pode esperar da ETCC:

  • Sensações de picadas leves sob os eletrodos;
  • Vermelhidão da pele temporária (na testa onde os eletrodos são colocados);
  • Dores de cabeça leves que passam após 30 minutos.

Como funciona o tDCS/ETCC?

A tDCS ou ETCC fornece uma corrente elétrica suave através de dois eletrodos colocados no couro cabeludo. Para tratar a depressão, os eletrodos são colocados no alto da testa para atingir uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC).

 ECT age na parte do cérebro chamada DLPFC

A atividade diminuída no DLPFC está associada a sintomas depressivos, como: fadiga, problemas de sono, dificuldades de concentração e alterações no apetite. A corrente elétrica estimula a atividade cerebral na região e, assim, alivia os sintomas depressivos.

Uma sessão de ETCC geralmente dura 30 minutos e pode ser administrada em casa através de um Headset de neuroestimulação. O protocolo recomendado para depressão inclui 5 sessões de estimulação por semana durante as primeiras duas semanas. E, depois disso, 2 sessões por semana pelo tempo que você precisar. A maioria das pessoas nota uma redução dos sintomas depressivos em 3-4 semanas.

A ETCC pode curar a depressão?

A ETCC não requer anestesia ou visitas regulares a uma clínica psiquiátrica e é obviamente uma opção de tratamento muito mais conveniente do que a terapia eletroconvulsiva. Mas quão eficaz é? A ETCC pode curar a depressão? Acontece que pode. Em 2019, o pesquisador de doutorado Julian Mutz e colegas compararam diferentes formas de estimulação cerebral para a depressão. Os pesquisadores concluíram que a ETCC foi um tratamento eficaz para a depressão, sendo uma opção menos cara do que TMS, ECT ou mesmo psicoterapia.

“…Descobrimos que o tDCS é eficaz em todos os resultados nas metanálises de pares e de rede. Dado que a ETCC tende a ser um tratamento menos caro do que a estimulação magnética transcraniana, ECT ou psicoterapia. Esta descoberta é particularmente relevante para os formadores de políticas que podem considerar a ETCC como uma terapia clínica fora do ambiente de pesquisa.” Mutz et. al, 2019.

Leia mais sobre as evidências científicas por trás do ETCC aqui.

Onde posso obter a ETCC?

Você pode comprar um Headset ETCC online e usá-lo em casa para tratar a depressão. A Flow Neuroscience desenvolveu o primeiro dispositivo ETCC com marcação CE e aprovado clinicamente para uso doméstico. Além de, agora, ter a certificação pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Aqui está um guia rápido para obter seu próprio dispositivo ETCC:

  • 1. Encomende o Headset Flow na loja online;
  • 2. Baixe o aplicativo gratuito de depressão;
  • 3. Em alguns dias, seu Headset será entregue. Quando ele chegar, desempacote seu aparelho e inicie o aplicativo;
  • 4. O aplicativo mostrará como colocar o Headset e como iniciar a estimulação. Basta seguir as instruções;
  • 5. Você receberá cinco sessões de estimulação de 30 minutos por semana, durante as primeiras três semanas. Depois disso, haverá uma ou duas sessões por semana pelo tempo que você quiser.

Se você quiser saber mais sobre como usar o dispositivo Flow ETCC/tDCS, assista a um vídeo do próprio fabricante. Clique aqui. Lembrando que o vídeo está em inglês mas você pode acionar as legendas em português para acompanhar o conteúdo. Basta clicar no botão “legendas/legendas ocultas” que aparece no canto inferior do vídeo e ativar o sistema de legendas.

Em conclusão, a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) é um tratamento eficaz para a depressão e causa menos efeitos colaterais e mais leves do que a medicação antidepressiva ou ECT. Embora essa última seja mais eficaz, especialmente no tratamento de sintomas depressivos graves, a ETCC é mais segura e muito mais conveniente.

Este artigo foi traduzido, para ver a versão original clique aqui.

Tratamento da depressão com meditação

3 principais tipos de meditação para iniciantes no tratamento de depressão

Este artigo foca no uso prático da meditação para tratamento da depressão, especificamente em como lidar com pensamentos negativos e sentimentos prejudiciais durante o período de cuidados. Abaixo, você encontrará alguns dos insights (compreensão plena e rápida de questões) mais importantes da terapia cognitiva baseada na atenção plena. E as duas últimas seções oferecem os três principais exercícios de meditação para controlar os sintomas depressivos.

Se você é novo na meditação, o artigo de base científica “Como usar a atenção plena para a depressão em 5 etapas simples” lhe dará uma introdução rápida à meditação e dirá como ela pode ser tão benéfica para o cérebro quanto para o tratamento da depressão.

Meditação para pensamentos depressivos

Os pensamentos às vezes nos atacam automaticamente, simplesmente surgindo sem explicação. Com a depressão, esses pensamentos tendem a ser negativos, tristes e críticos. Às vezes, aqueles que são particularmente desagradáveis ​​têm um efeito enorme em como nos sentimos. E quando temos emoções realmente fortes em nossos corpos, isso muda a maneira como pensamos.

Na terapia cognitiva baseada na atenção plena, chamamos isso de espirais de pensamento negativo – quando um pensamento ativa uma emoção, que então ativa ainda mais pensamentos e isso ativa emoções mais fortes.

Com a ajuda da meditação de atenção plena para o tratamento da depressão, tornamo-nos mais conscientes dos pensamentos e sentimentos. Assim fica mais fácil interromper as espirais de pensamentos negativos logo no seu estágio inicial. E antes de prosseguirmos para falar sobre como lidar com essas espirais de pensamentos negativos, vamos esclarecer a diferença entre pensamentos e sentimentos.

Separe os pensamentos dos sentimentos

Ao controlar e ajudar no tratamento da depressão por auxílio da meditação, é importante separar os pensamentos dos sentimentos. Então, você sabe a diferença entre um pensamento e um sentimento?

Um sentimento geralmente pode ser descrito usando apenas uma palavra, por exemplo, “felicidade”, “raiva” ou “tristeza”. E se você usar várias palavras para descrever seu mundo interior, geralmente é um pensamento, por exemplo “isso é injusto”, “me sinto tão estúpido” ou “algo está errado”.

Você pode se perguntar o por quê é importante saber disso. Bem, a resposta é que os sentimentos nos dão contato direto com o momento presente. Ao passo que os pensamentos podem ocorrer em qualquer lugar no tempo. Seus pensamentos podem estar no futuro, como quando você está se preocupando com o que pode acontecer ou pensando na lista de coisas a fazer. Ou ainda estarem no passado, como quando você está se lembrando daquela situação embaraçosa de sete anos atrás.

Em contraste, seus sentimentos vivem no corpo e ele está sempre no momento presente. Seu corpo não pode correr para o futuro ou voltar no tempo. Isso significa que ele é uma via expressa para o momento presente, que é exatamente onde queremos estar ao meditar.

    • Pensamentos: Podem ocorrer no passado, no presente ou no futuro. Geralmente são expressados em mais de uma palavra.
    • Sentimentos: São colocados no corpo e o corpo está sempre no momento presente. Pode ser descrito usando uma única palavra.
Dica rápida

Uma das maneiras mais eficazes de calar os pensamentos negativos é concentrar-se nas sensações do corpo. Por exemplo, em vez de pensar “ai meu Deus, isso é tão assustador, o que vou fazer, nunca vou conseguir” e criar cenários em sua cabeça, mude a perspectiva. Redirecione sua atenção para seu corpo e observe que sentimento está presente. Sinta o medo e observe-o ir embora. (Verá mais sobre isso no tópico “Meditação para sentimentos depressivos”).

Gerenciando espirais de pensamentos negativos

Ao usar a meditação como aliada no tratamento para depressão, você praticará como prestar atenção aos pensamentos e sentimentos sem se deixar envolver por eles. Ou, ainda, presumir que todos os seus pensamentos são 100% verdadeiros. Você pode ver dois vídeos explicando como perceber pensamentos e sentimentos e como vê-los partir. Fique tranquilo, lhe daremos acesso a esses materiais a seguir.

O primeiro mostra como um pensamento negativo pode se transformar em uma espiral depressiva, basta clicar aqui. Já o segundo vídeo mostra como uma pessoa pode interromper essa espiral em um estágio inicial, usando técnicas de atenção plena. Clique aqui para ter acesso ao vídeo número 2. Detalhe: ambos estão em inglês, mas você pode acionar as legendas em português para acompanhar o conteúdo. Basta clicar no botão “legendas/legendas ocultas” que aparece no canto inferior do vídeo e ativar o sistema de legendas.

Lembre-se de que é preciso prática para fazer o que Ethan faz nos vídeos mencionados acima. Por isso é importante meditar por 10-30 minutos todos os dias (Leia mais sobre isso em Como usar a atenção plena para a depressão em 5 etapas simples).

A próxima seção se aprofunda no processo de fazer com que os pensamentos negativos tenham menos controle sobre você com a ajuda da meditação. Também informa o que não deve ser feito. Acompanhe!

A tarefa impossível de apagar pensamentos negativos

Em um momento próximo, você terá a oportunidade de explorar dois exercícios de meditação que o ajudarão a controlar os pensamentos depressivos. Na preparação para isso, vamos nos concentrar no que NÃO fazer.

NÃO tente apagar seus pensamentos. É tentador, mas, por favor, tente não fazer isso. Os meditadores da atenção plena perceberam há muito tempo que é impossível apagar os pensamentos negativos. Normalmente, podemos nos distrair por um momento, mas muitas vezes isso faz com que os pensamentos voltem com uma intensidade ainda maior.

Quando decidimos NÃO pensar em algo, a mente constantemente tem que se lembrar do que é proibido pensar e os pensamentos continuam voltando. Então, se não podemos forçar os pensamentos negativos a irem embora, como vamos lidar com eles? Bem, a maneira cuidadosa de fazer isso é se tornar o Observador. Essa é uma parte de nós mesmos que pode observar pensamentos e sentimentos sem ser atraída por eles.

Alguns meditadores de atenção plena falam sobre uma “mente de iniciante”. Que é quando observamos pensamentos e sentimentos de uma perspectiva curiosa, apenas observando-os ir e vir. Você pode atingir esse estado de espírito imaginando que é uma criança pequena, e que está observando algo pela primeira vez. Uma criança explora o mundo sem pensar em como as coisas deveriam ser, porque nunca as viu antes. Portanto, ao usar a meditação como um outro meio de tratamento da depressão, tentaremos experimentar o corpo de maneira curiosa e quase ingênua. Sem julgar!

Com o tempo, você será capaz de observar pensamentos e sentimentos sem se deixar envolver por eles. Pode pensar nisso como olhar para a chuva através de uma janela, em vez de ficar encharcado do lado de fora. Mas você não pode impedir que a chuva caia, do mesmo jeito que não pode escolher quais pensamentos surgem automaticamente em sua cabeça.

Aqui estão nossas duas primeiras meditações para ajudar no tratamento da depressão

Meditação # 1 – varredura corporal

Vamos praticar a perspectiva do Observador imediatamente com o primeiro dos 3 exercícios de meditação para tratamento da depressão. São apenas 5 minutos de vídeo, basta clicar aqui.

Meditação # 2 – Folhas em um riacho

Se você está perturbado (ou torturado) por pensamentos negativos que circulam como um disco quebrado, recomendo que use este próximo exercício de meditação com a maior frequência possível.

Esta conhecida meditação para auxiliar no tratamento da depressão o ajuda a se distanciar de pensamentos negativos, aqueles que simplesmente surgem em sua cabeça. Também o farão perceber que um pensamento é “apenas um pensamento”, não necessariamente 100% verdadeiro. Aí vem, basta clicar aqui (são apenas 5 minutos).

Dica rápida: se pensamentos negativos ou estressantes o deixam acordado à noite, você pode usar o Leaves on a Stream antes de ir para a cama.

Agora, vamos concentrar nossa atenção em como controlar os sentimentos depressivos com a meditação. A próxima seção do texto inclui o terceiro tipo de meditação para tratamento da depressão.

Meditação para sentimentos depressivos

Uma parte importante da prática da meditação é aprender a explorar seus sentimentos sem ser completamente dominado por eles. Ao usar a meditação para tratamento da depressão, isso se torna um desafio extra porque o transtorno geralmente vem associado a emoções fortes e dolorosas. Às vezes, preferimos evitar sentimentos dolorosos do que de fato explorá-los.

Aqui estão alguns exemplos:

  • Sempre que Sebastian tem uma sensação de desconforto no estômago, ele começa a limpar, lavar a louça e outras tarefas para se distrair.
  • Sempre que Olivia se sente sozinha, ela começa a beber.
  • Sempre que John se sente ansioso, ele começa a ficar obcecado com seus relacionamentos.

Agora, pergunte a si mesmo:
Que comportamentos devo usar para me distrair de sentimentos dolorosos?

Tornar-se mais consciente desses comportamentos é o primeiro passo para explorar seus sentimentos. Se você não sabe quando está correndo, é muito mais difícil parar.

O tratamento da depressão também requer paciência

É fácil entender porque queremos fazer outra coisa em vez de nos sentirmos tristes, magoados ou com raiva, especialmente se já experimentamos muitos sentimentos negativos antes na vida. Então, por que fugir de nossas emoções é um problema tão grande? Bem, uma coisa complicada sobre os sentimentos é que ignorá-los não os faz ir embora. Eles não desaparecem simplesmente. Em vez disso, eles aumentam. E quando evitamos repetidamente os sentimentos, fica cada vez mais assustador sentir qualquer coisa, como se cada emoção fosse uma ameaça.

E com o tempo, distrair-se das emoções torna mais difícil ter sentimentos positivos também. A boa notícia é que os humanos são feitos para sentir e somos totalmente capazes de controlar sentimentos dolorosos. Na verdade, o maior problema tende a ser nossas interpretações negativas, ou seja, nossos próprios pensamentos. Eles podem fazer a dor ficar mais forte e durar mais, por exemplo, dizendo “Eu sempre vou me sentir assim”, “isso é horrível”, “nunca vai melhorar”. Nossas fantasias sobre como seria desconfortável sentir medo, tristeza ou raiva costumam ser muito piores do que a experiência real.

Talvez você tenha notado que os produtores de filmes de terror nunca permitem que você veja o fantasma ou o monstro na primeira cena do filme. É possível ver uma sombra ou ouvir ruídos assustadores, sem saber de onde eles vêm. Isso ocorre porque nossas fantasias sobre o monstro são muito piores do que as do próprio monstro. No final do filme, quando finalmente consegue vê-lo, você se acostuma rapidamente. Da mesma forma, podemos lidar com emoções fortes quando as encaramos e não ouvimos os pensamentos ou fantasias que tentam nos convencer de que “sempre será assim tão ruim”.

Por isso, vamos ao último tipo de meditação a ser explorada aqui neste texto.

Meditação # 3 – Explore os sentimentos

A próxima meditação para depressão o ajudará a praticar esta habilidade, para sentir seus sentimentos em vez de se distrair deles. Se você é novo na meditação, seja gentil consigo mesmo e tente não se esforçar demais. Coloque-se confortavelmente e clique aqui para dar o play quando estiver pronto (são apenas 5 minutos). Se puder, o momento é melhor apreciado com fones de ouvido, então aproveite essa dica valiosa.

Se já testou todas as possibilidades, muito bem! Você está no caminho certo para se tornar um meditador experiente e ajudar sua mente a ganhar mais foco, administrar emoções fortes e protegê-lo da depressão. Mas temos ainda outra opção, veja só!

Aplicativo de meditação para ajudar no tratamento da depressão

Não sabe como começar a meditar regularmente? Não se preocupe, existe um app para isso. Se você quiser dicas e truques mais úteis para começar sua prática de meditação, você encontrará tudo o que precisa no aplicativo de depressão da Flow. É 100% gratuito e mostra como fazer da meditação regular uma parte do seu tratamento contra depressão. Inclui um módulo completo de meditação com exercícios teóricos e de meditação para iniciantes. Basta clicar aqui.

Este artigo foi traduzido, para ver a versão original clique aqui.

Saiba identificar os sinais de depressão

7 Sinais de depressão que você deve prestar atenção

Os hábitos são ações que se internalizaram em nós e que muitas vezes acabam passando despercebidos. E é quando a nossa vida passa a ser levada no automático, sempre com muita pressa e com pouca atenção, que mora o perigo. Mas o que isso tem a ver com a nossa saúde e qualidade de vida? Em realidade, tudo! O nosso corpo se manifesta através de códigos e alertas. Quando está tudo no seu devido lugar, a felicidade é o principal sintoma. Mas e quando há algo que não se encaixa? Podem ser sinais de depressão, por exemplo?

Você precisa conhecer o seu corpo a ponto de saber quando precisa de uma pausa. Aprenda a reconhecer os sinais, isso faz toda diferença.

Quais os sinais de depressão? Saiba como identificar!

Muitas vezes a rotina agitada não nos permite reconhecer mudanças em nós mesmos. Detalhes que podem estar internalizados na forma de um hábito, até passam despercebidos. Mas qual é o problema disso? A questão é que o corpo humano é como um verdadeiro sistema de engrenagens: sempre que houver alguma coisa fora do lugar, algum sinal será emitido. O seu smartphone avisa quando a bateria está para acabar. Do mesmo jeito que o painel do seu carro acende luzes para mostrar diferentes tipos de falhas no funcionamento. E com o seu sistema central não é diferente!

Por isso, é de extrema importância que você aprenda a reconhecer os sinais. Quando o físico padece, os alertas são mais visíveis. No entanto, e quando o emocional está abalado, qual é o tipo de aviso que o corpo pode nos dar?

Partindo do princípio que as causas podem variar, é preciso que você tenha claro que os sinais também serão diferentes de uma pessoa para a outra. A condição universal da depressão, por assim dizer, é o surgimento de um quadro debilitante. Que pode atingir seu humor, sua disposição e a resolução de tarefas rotineiras.

E é por isso que iremos mostrar os 7 principais sinais de depressão. Assim, você aprenderá a observar mais do que só a sua saúde física. Confira:

1. Indisposição constante

Quando se vive uma rotina estressante, é comum que a indisposição apareça de vez em quando. Afinal, ter que sempre estar à frente na tomada de decisões não é algo fácil. Mas e quando até mesmo para os pequenos prazeres a indisposição aparece?

O sistema de estímulo-recompensa cabe bem para explicar este caso. Se mesmo com a estimulação do prazer, o seu corpo não se sente motivado a continuar, alguma coisa há de errado. Ou seja, a indisposição pode ser um sinal de alerta. Por isso, continue prestando atenção em si mesmo!

2. Sensação de tristeza

Ficar triste ou insatisfeito com algum episódio do dia a dia é bem natural. Porque sabemos que a vida perfeita só existe nos contos de fadas. Então, tudo bem se decepcionar com resultados não planejados ou com situações que saíram do seu controle. De fato, o que não é “normal” é ser consumido por esse sentimento de tristeza. Sendo assim, observe não só a intensidade, mas também a frequência com que essa sensação toma conta de você. Estar triste é diferente de se sentir sempre triste.

E lembre-se: é através dos detalhes que poderemos saber o que se passa com o nosso corpo e mente.

4. Falta ou excessos

Nem muito e nem pouco, equilíbrio é fundamental. Então, se a sua rotina de sono está mudando ou percebeu que está comendo mais ou bem menos do que o de costume, isso pode ser um sinal! E lembra da história que o corpo vai mandar recados? Tanto a insônia ou hipersonia, quanto o excesso ou falta de apetite, são sintomas físicos de distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão.

5. Necessidade de isolamento social

Desmarcar compromissos de família, viver fugindo do happy hour com os amigos, não querer participar de eventos sociais: luz vermelha acesa! Claro que às vezes é normal querer estar em casa e ficar em nosso próprio mundo. Mas quando esse “estar sozinho” vira uma obsessão, há um problema. Voltamos a dizer: nem o excesso e nem a falta são bons sinais. Querer se afastar dos contatos sociais é diferente de não ter vontade de interagir com outras pessoas.

Então, cuidado! Porque o que começa com uma falta aqui e outra ali, pode representar bem mais que um gosto pela solidão.

6. Perda de autoestima

A perda da autoconfiança é também um ponto que precisa ser observado. A sensação de incapacidade, de desvalorização, de perda de importância também são sinais de uma possível depressão.

7. Sensação de culpa

Como se não bastasse todos os pequenos sinais e todos os sintomas que podem caracterizar um transtorno psicológico, carregar a sensação de culpa pela situação é um outro alerta da depressão. Mas essa culpa é mais psicológica do que real.

E o que de fato não dá, é ser refém desses alertas. Por isso, conhecer-se é o primeiro passo. Saber reconhecer alertas que o seu corpo emite é fundamental para manter a saúde física e mental em equilíbrio. Mesmo que a rotina seja agitada e você esteja no automático, aprenda a desacelerar. A vida é uma maratona, não uma prova para velocistas. O percurso importa bem mais que a velocidade. Se cuide! Ignorar os sinais de depressão não vão fazer com que eles desapareçam.

Corpo, mente e isolamento social

Isolamento social: como corpo e mente reagem ao novo cenário?

Pandemia, distanciamento, isolamento social, home office, delivery, máscara. Como será que o nosso corpo e a nossa mente têm reagido a esse novo normal? Um mundo onde o virtual quebrou ainda mais as barreiras do espaço, mas que, paradoxalmente, aumentou a distância entre as pessoas. Há um ano, pensávamos que em alguns dias tudo voltaria à rotina frenética de sempre. No entanto, não foi isso que aconteceu. Fomos preenchidos de incertezas e de medidas de segurança. E ninguém nos ensinou, de fato, a lidar com a situação. Corpo e mente precisam de cuidados neste período, e vamos te ajudar com isso!

Isolamento social e a vida pós pandemia

Certamente, em algum momento, você pensou e se perguntou: como será a vida depois que tudo isso passar? Como é um pós-pandemia? Afinal, conhecer a história do mundo e todas as suas crises é muito diferente do que vivenciá-la, não concorda?

A maior crise sanitária do século colocou abaixo perspectivas e sonhos que nos pareciam importantes e urgentes. Mostrou que sermos imediatistas nos consome de um jeito que nem sequer nos damos conta. Por vezes, o que nos consola é o próprio passado e a expectativa de um futuro melhor e mais tranquilo. Mas o quanto pensar para frente ou lá no passado nos faz bem? Será que a nossa mente não nos sabota sempre que decidimos “fugir” um pouco dessa realidade?

Manter a saúde mental tem sido um grande desafio, afinal, a saudade aperta, a incerteza dói e a realidade é sempre mais cruel do que você pode imaginar. Diante disso, é essencial que você cuide do seu corpo, não se esquecendo da mente. Porque já que não podemos e não conseguimos controlar a realidade, o que importa agora é controlar a vastidão de sentimentos que vem acontecendo dentro de nós.

Como corpo e mente reagem?

Sempre que a nossa mente se agita, os efeitos podem ser visivelmente físicos. Sabe aquele dia em que você não consegue pregar os olhos por estar preocupada com algum assunto? Então! A insônia é um dos resultados de uma mente agitada e cansada. Além disso, essa agitação constante pode afetar o nosso sistema nervoso como um todo, desencadeando doenças e/ou transtornos, sejam eles físicos ou neurológicos.

Os sentimentos de tristeza e de desorientação também podem gerar consequências em nossa rotina e no funcionamento do nosso corpo. O pensamento fica mais lento, tomar decisões tem um peso maior e a irritação é um efeito colateral quase inevitável. Já que não resolver coisas “simples” parece o fim do mundo. Mas já parou para pensar que a cobrança excessiva pode ser uma das causas desse problema? É como se quiséssemos enxergar estabilidade em tudo. E o caráter que uma pandemia menos pode nos oferecer é uma situação estável.

O isolamento social e a falta de convívio com as pessoas

E muitos podem estar se perguntando, ainda hoje, um ano depois da primeira vez que o Brasil parou: por que estou sentindo tanta falta de estar em outros lugares e ver outras pessoas? A resposta é relativamente simples: somos, por natureza, seres sociáveis. Aprendemos que sempre vamos precisar do outro para sobreviver. Por isso criamos laços sociais, cooperativos e solidários. E quando fomos e ainda somos privados desses contatos – por um bem maior, claro! -, é comum que sintamos tristeza, angústia e até mesmo solidão.

Além do mais, o inimigo agora é invisível, mas mortal, é pequeno, mas com grande poder. Sendo assim, o mundo fora do isolamento parece ser perigoso, prejudicial e sem solução. Uma das reações possíveis é, de fato, enxergar o perigo e se sentir acuado, com medo e depressivo. Mas existem ainda aquelas pessoas que negam o perigo e por impulsos, acabam se expondo. Isso para “provar” a si mesmo que está tudo bem.

Mas é preciso reconhecer os sinais que o seu corpo está dando. O isolamento social exigiu mudanças na rotina, mostrando a fragilidade das certezas e o quanto a vida é capaz de mudar em tão pouco tempo. Sendo assim, a necessidade do autocuidado foi escancarada como nunca antes. Mas sabe qual a boa notícia? É que o ser humano é capaz de aprender até o seu último respiro. Não deixe de aprender a se cuidar, você não pode adivinhar o amanhã, mas pode se cuidar hoje! A pandemia ainda não terminou, mas a certeza é que o cuidado com você mesmo não pode parar nunca!

Deixamos para você, como sugestão de autoconhecimento e autocuidado, nosso app Flow. Disponível para download gratuito em nosso site.