Apesar de se tratarem de transtornos diferentes, não é nada incomum que os quadros de sintomas de ambas se apresentem juntos, ou ainda que um transtorno não tratado acaba culminando no outro.
Embora em alguns casos elas possam se confundir, cada uma delas tem causas, sintomas e tratamentos específicos, que precisam ser identificados para que seja possível o desenvolvimento de um tratamento assertivo, desenvolvido a partir do acompanhamento profissional.
Mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão no mundo todo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Apenas o Brasil tem cerca de 11,5 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença. De acordo com dados da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Mas o brasileiro não é só deprimido, nós também estamos muito ansiosos. Dados da OMS alertam que, somente no Brasil, cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem de ansiedade — o que coloca o país no topo do ranking mundial.
Ansiedade e depressão no cenário pós-pandemia.
De acordo com dados apresentados pela OMS, recentemente, no primeiro ano da pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%. Uma das principais explicações para esse aumento é o estresse causado pelo isolamento social, cenário amplamente vivido pelos cidadãos durante a pandemia. Ligados a isso estavam as restrições à capacidade das pessoas de trabalhar, sair, se relacionar, desenvolver atividades de lazer, buscar apoio dos entes queridos e ter envolvimento em suas comunidades.
A solidão, o medo de se infectar e de perder entes queridos, o luto, as preocupações financeiras e o abalo emocional causado pelo número crescente de mortes no país, também foram citados como estressores que levam à ansiedade e à depressão.
Dentre os grupos mais afetados estão as mulheres, os jovens, em especial aqueles com quadros de transtornos mentais pré-existentes, e também os profissionais de saúde, devido ao fato da exaustão ter sido um importante gatilho para o pensamento suicida.
Quais os sintomas mais comuns da depressão e ansiedade?
A depressão é comumente caracterizada por sintomas como humor deprimido, diminuição da motivação, alterações de apetite e desregulação do sono também, da fadiga, cansaço, indisposição, sentimento de culpa, inadequação, desesperança e dificuldade para se concentrar.
Já, na ansiedade, temos como características, a preocupação excessiva, despropositada, que normalmente é gerada por uma causa irreal, que não possui bases racionais de pensamento. Essa preocupação não é controlada pelo indivíduo, é uma invasão da mente.
Junto com os sintomas psicológicos, podem surgir também manifestações físicas, como a inquietação, o nervosismo, suor excessivo e tremores.
Ambos os quadros podem se correlacionar, por exemplo, se pensarmos em uma pessoa depressiva, podemos considerar que a falta de controle gerada pela doença, uma vez que a pessoa se vê triste, sem energia e ânimo para realizar tarefas que ela tem consciência da importância, a longo prazo tendem a gerar uma angústia tão grande que pode levar à ansiedade. Isso ocorre devido ao sentimento de impotência diante de sua própria condição.
Muitas vezes, a pessoa também passa a se questionar se será capaz de sair daquele ciclo, e superar as limitações causadas pelo quadro depressivo, o que também pode levar a uma crise ansiosa.
Da mesma forma, uma pessoa com ansiedade que sofre muito com preocupações excessivas, acaba pensando obsessivamente em uma mesma questão sem conseguir traçar um plano de resolução prático para o problema, esse cenário pode levar a um sentimento de impotência e desesperança que, com o passar do tempo e o sofrimento dessa condição, cria-se um cenário onde o portador do transtorno de ansiedade começa a se sentir inferior, melancólico e sem propósito, fazendo assim com que exista a possibilidade de um quadro depressivo se instaurar e tomar conta.
É muito importante frisar que nem sempre a presença de sintomas ansiosos em pessoas com depressão, ou vice-versa, conjecturam a existências dos dois transtornos. Sentir ansioso ou deprimido pode ser uma resposta “comum” às adversidades do dia a dia, por isso a avaliação por parte de um profissional capacitado de saúde mental é indispensável.
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